29/09/2011 07h50 - Atualizado em 29/09/2011 11h25
Com gosto bem diferente dos companheiros, atacante visita Cidade do Rock para falar sobre paixão pela música e o futuro com a camisa do Flu
Um roqueiro perdido no mundo da bola. É assim que Rafael Sobis se sente. Em uma tribo onde o samba e o pagode predominam, o atacante do Fluminense não é apenas diferente. Ele joga “contra” a tendência e é fã confesso dos acordes pesados da guitarra. No lugar da Exaltasamba, Sorriso Maroto e outros grupos que fazem a cabeça da imensa maioria dos companheiros, o atacante preenche seu iPod com nomes como Blink 182, Metallica e Strokes. Em semana de Rock in Rio, porém, o “doidão” tricolor, como é chamado pelos companheiros, é quem aumenta o som e dita o ritmo nas Laranjeiras.
Rafael Sobis se diverte com guitarra de brinquedo na Cidade do Rock (André Durão / Globoesporte.com)Ausente da primeira rodada de shows por conta do empate por 1 a 1 com o Atlético-PR, em Curitiba, no fim de semana, Sobis visitou a Cidade do Rock a convite do GLOBOESPORTE.COM e falou sobre sua paixão pelo Rock and Roll. Da infância, no interior do Rio Grande do Sul, até a chegada ao Internacional, aos 15 anos, o atacante admite que passeou por outras batidas até “selecionar melhor” o que realmente agrada seus ouvidos.
- Lembro que tinha evento de samba, pagode, e estava no meio, mesmo sem saber se gostava ou não. Mas a medida que vamos crescendo, passamos a selecionar mais. Hoje, estou nesse meu mundo quase que solitário.
A opção pouco comum para os boleiros faz com que o jogador do Fluminense sofra com a provocação de companheiros. Em vestiários antes dos jogos, o som do pandeiro e do cavaquinho impera, seja ao vivo ou em aparelhos de som. A rotina, por sua vez, não fez com que ele se aproximasse de nenhuma banda do gênero.
- Não, nenhuma. Nenhuma, nenhuma. Zero.
A paixão pelo rock está marcada na pele, e bem exposta para todo mundo. No pescoço, Sobis reproduziu uma tatuagem do baterista Travis, da banda Blink 182, uma de suas preferidas. Marca que vai levar para sempre, assim como as que quer deixar no coração do torcedor do Fluminense. Titular de Abel Braga nas últimas duas partidas, ele começa a se firmar na equipe, mas não se dá por satisfeito.
Confira abaixo todo a conversa com Rafael Sobis, realizada na Rock Street, na Cidade do Rock, local onde ele se sentiu em casa, assim como garante já se sentir nas Laranjeiras.
Quando começou essa sua ligação com o Rock? Sempre foi seu estilo preferido?
Rafael Sobis posou para fotos na pista do palco
principal (Foto: André Durão / Globoesporte.com)Quando entrei no mundo do futebol, escutei de tudo. Até porque, estava entrando em um mundo que não era meu. Ia onde o pessoal ia. Nem sabia quem era quem. Lembro que tinha evento de samba, pagode, e estava no meio, mesmo sem saber se gostava ou não. Mas a medida que vamos crescendo, passamos a selecionar mais. Hoje, estou nesse meu mundo quase que solitário.
Qual a banda que você é mais fã, que mais acompanha?
Gosto muito de Blink 182, The Killers, Strokes... São muitas bandas. Meu iPod tem cinco mil músicas. Tenho quase tudo. Metallica, Dire Straits, bandas antigas. Tenho tudo de Beatles, até Raul Seixas. Hoje em dia, com o computador, a modernidade, fica tudo mais fácil. Antes, tinha que sair buscando CDs.
E qual o seu show inesquecível?
Foram dois shows recentes. Um do Green Day, em Porto Alegre, que foi algo espetacular. Os caras interagiram com o público em mais de duas horas e meia de show sem parar. E o outro foi do Paul McCartney. Seu eu já gostava, passei a gostar muito mais. O Beira-Rio estava lotado. Vi de crianças até pessoas de 70 anos chorando por um senhor que estava no palco cantando por mais de três horas em pé. É algo surpreendente, que me fez admirá-lo mais ainda.
O meio do futebol é muito voltado para o pagode. Depois de tantos anos no meio, sendo “obrigado” a ouvir, não passou a curtir nada? Nenhuma banda?
Não, nenhuma. Nenhuma, nenhuma. Zero.
E já conseguiu colocar algum companheiro para ouvir rock?
Aqui, no Fluminense, ainda não. Mas em outros lugares já tentei, sim. Aqui, ainda estou conhecendo o pessoal e não quero criar inimigos (risos).
O Rock´n Roll ajuda na concentração, na motivação para o futebol?
Sempre escuto no período de concentração. O tempo todo. No trajeto para estádio e para Laranjeiras, não abro mão. Essa semana já fui para o treino ouvindo Dire Straits, Beatles, Scorpions, Metallica, até Lenny Kravitz. Mas quando começa a ficar perto do jogo, desligo e procuro me concentrar mais. É o meu jeito de ser.
Esse seu estilo diferente no mundo da bola faz com que o pessoal brinque muito contigo, coloque apelidos?
Ah, sim. Eles me chamam de doidão. Acham que todo mundo que ouve rock é doido. Pelo amor de Deus! E sempre que colocam as músicas deles provocam: “Escuta aí, Sobis”.
Não há nenhum companheiro no elenco que fuja do pagode?
Eu também escuto um pouco de música eletrônica, e tem também o Fred, Rafael Moura, Ciro... Mas eles também gostam de tudo. Não têm um estilo preferido. No Inter, o Nei (lateral-direito) que gostava muito de rock. O samba está no sangue do jogador, eu que acho que estou no lugar errado. O samba tem muito a ver, ainda mais no Brasil. É nossa música, nosso estilo. Não tem como fugir. Não sei como não entrei nessa.
A sua transferência para o Fluminense te deixou mais perto do Rock in Rio. Você já se programou para ir a algum show? Domingo o time está de folga.
Depende do resultado contra o Santos. Se vencer, o ânimo já muda para a viagem de retorno de Volta Redonda. Tudo fica mais fácil. Até para arrumar parceiro. Não descarto uma vinda para ver o Guns N´ Roses. Se ganhar, eu venho ver essa loucura aqui.
Você é tão ligado ao rock que tem até uma tatuagem em homenagem a um ídolo (o baterista Travis Baker, da banda Blink 182). Explica essa história.
Fui fazer uma outra tatuagem, que nem fiz, e deu a louca, acabei fazendo essa. Meu tatuador sabia que eu gostava, mostrou o desenho e em questão de segundos eu disse: “Faz logo o primeiro risco para eu não me arrepender”. Muita gente me chamou de louco por ser no pescoço. Dizem que é como no rosto. Não me arrependi, gostei e vem mais por aí.
Do Rock in Rio em geral, quais bandas você mais admira?
Red Hot, Metallica, Slipknot, System of a Down, Guns... Gosto de Capital, vi o show do Titãs com o Paralamas e achei espetacular. Em um modo geral, são essas.
E pelo que você andou e conheceu da estrutura? O que achou?
Impressionante. Ver na TV, como eu vi, não dá para ter dimensão. Sem ninguém, vi que é gigante toda a estrutura, como funciona. É muito legal.
Você pensa em algum dia montar uma banda, tocar algum instrumento?
Tenho amigos que tocam, já fui em vans com eles para shows, e passei a conhecer a outra parte, a preparação, os ensaios... Eu quero, sim. Não descarto depois que largar a bola montar uma banda. Não para ganhar dinheiro, mas para hobby, para me divertir. Gosto de bateria. Seria o instrumento que gostaria de tocar. Mas tem que ver se eu vou dar certo, né?
Lá no Sul tem alguma banda especial para você?
Ah, tenho muitos amigos que tocam. Gosto do Cachorro Grande, tem o Bidê ou Balde, Nenhum de Nós, que é muito legal, Alemão Ronaldo... São muitas que fora do Sul não são tão conhecidas, mas lá são muito fortes.
Falando de futebol, sua chegada ao Fluminense foi cercada de muita desconfiança. Falava-se de problema no joelho, que sua carreira estaria em risco, entre outras coisas. Como você recebeu isso tudo?
Quando as coisas estão prestes a acontecer, muita gente fala para depois dizer que acertou. Se erra, ninguém lembra, mas se acerta, vai querer aparecer. Disseram até que eu tinha operado o joelho 15 dias antes de estrear. Falaram cada coisa! Mas nada me abalou, por ser tudo mentira. Foi bom vir para o Fluminense e provar para todo mundo que sou um fenômeno, né? (em tom irônico) Se eu operei o joelho e joguei 15 dias depois... Isso só me dá moral. Não reclamo. Tive lesões no Inter que fizeram meu ano não ser tão bom, mas cheguei aqui e já joguei muitos jogos, mesmo sem tempo de adaptação. Agora, pouco a pouco, as coisas vão entrando nos eixos. Fiz cirurgias no joelho como muitos outros e estou em campo como todos eles.
Depois do jogo contra o Atlético-GO, o seu melhor pelo Flu (quando marcou dois gols), foram três jogos sem ser aproveitado até o retorno. Como encarou isso? Conversou com o Abel?
Eu estava bem fisicamente, mas isso não quer dizer que estava pronto para jogar o tempo todo. É uma outra história. E o futebol no Brasil está cada vez mais europeu. Cada jogo tem uma história. Fiz gols em dois jogos seguidos, a equipe venceu, e assim vamos indo. O futebol cada vez mais é uma loucura. Não pergunto o motivo quando jogo, também não vou questionar quando não jogo.
Depois do jogo contra o Inter, você deu uma entrevista dizendo que só o Flu te quis. Como foi para você esse momento em que seu clube de coração não apostou em você?
Na época, eu tive mágoa, sim. Por toda história. Voltei ao Brasil aos trancos e barrancos, fui campeão gaúcho, da Libertadores com gol decisivo. Mas o clube não é obrigado a ficar comigo. Fiquei chateado, mas depois passou. O Inter tem suas prioridades e pensamentos. Fiquei P da vida, mas apareceu outro clube, com um treinador que me conhece e me quis no Fluminense.
Atacante faz pose na entrada principal, perto da marca do evento (Foto: André Durão / Globoesporte.com)Qual a importância do Abel nessa retomada? Ele é um cara que esteve com você em muitos momentos na carreira... (O treinador do Flu comandou Sobis também no Inter e no Al Jazira, dos Emirados Árabes).
Já passamos momentos bons e ruins juntos. O Abel esteve presente no momento mais trágico da minha vida, que foi quando machuquei o joelho, e no auge, que foi na Libertadores de 2006. É um cara que eu respeito muito. Falam de paizão, mas não é assim. É um profissionalismo que sempre tivemos um com o outro, em todas as atitudes. Ele é paizão de todos, é a forma dele. E o fato de eu estar com ele no terceiro clube talvez seja por produzir em campo o que ele necessita.
Já deu para conhecer o Rio de Janeiro?
Muito pouco. Fui ao Cristo uma vez, mas na correria, não aproveitei muito. Talvez, em dezembro seja melhor. Já vinha para o Rio nas férias, nas folgas , pelas praias.
É uma cidade muito diferente de Porto Alegre, né? Quais os principais contrastes que você identificou?
Total. Porto Alegre é mais europeia no sentido do povo, do clima, da forma de ser, até pela proximidade de Argentina e Uruguai. O Rio é praia, é aberto, recebe o mundo, gosta de receber gente. O clima diz muito disso. No Sul, é frio e as pessoas são mais fechadas. Aqui, não.
E você já se adaptou a tanta diferença?
Completamente. Até com as duas horas de trânsito para ir para o treino. Em Porto Alegre, quando está um caos, é meia hora. Mas vou pela praia, vendo coisa boa. Quando começo a me irritar, olho para a praia e me tranquilizo. Sei que minha família está bem.
Você já parou para pensar que daqui a menos de um ano pode ter que trocar isso tudo para voltar ao Al Jazira, ao Emirados Árabes?
Tenho contrato e se tiver que voltar não será problema. O clube tem uma estrutura gigante, a cidade é maravilhosa e a diretoria sempre me deu apoio. Mas nada como estar no Brasil, o país da Copa, no Rio, que é o centro de tudo. Vou fazer de tudo para esse um ano no Fluminense valer a pena e, quem sabe, ficar.
Em algum momento você se arrependeu da decisão de trocar a Europa pelo futebol dos Emirados Árabes?
Jamais, jamais!
Duas metas de quase todo mundo que começa no futebol são: Seleção Brasileira e Europa. Você alcançou as duas muito cedo, mas não se firmou. São objetivos que você ainda tem?
Seleção, sim. Europa, é difícil. Até 2014, tudo está aqui, todo mundo quer voltar e jogar no Brasil. Hoje, estou na Europa, digamos assim. Os clubes pagam muito, a estrutura está melhorando... Já sobre Seleção, está em aberto. Joguei Olimpíada, tive oportunidades, e a ida para os Emirados me afastou muito. Mas quem sabe não é a hora de engrenar, recuperar meu melhor nível...
Você se sente muito distante desse melhor nível?
Bastante. No futebol, às vezes temos que atropelar muitas coisas e depois o cara acaba pagando. Esse meu momento de sequência no Fluminense já está sendo muito bom. Passo a passo, vou reencontrar meu caminho. Ninguém desaprende.
Como você vê o momento do Fluminense no Brasileirão? Já dá para pensar em título?
Título todo mundo pensa enquanto tiver condições matemáticas. Mas precisamos ser realistas. Sendo realistas, já damos um grande passo em busca dos nossos objetivos. Nosso time precisava de uma sequência de vitórias e conseguiu. Foi algo importante para nos dar uma maturidade e nos colocar na zona de Libertadores. Temos que pensar passo a passo. Se for para ser campeão, lá no fim seremos. Mas pensando devagar.
Ter tantas boas opções ofensivas pode ser o diferencial nessa reta final? No último jogo, o Abel tinha Deco, Lanzini, Martinuccio e Rafael Moura no banco.
São jogadores que seriam titulares em qualquer time do Brasil. Tem que ter elenco. É fundamental. Isso mostra que nosso time é bom, porque todos que entram fazem a diferença e são importantes. Foi assim com o Deco contra o Avaí, comigo contra o Atlético-GO, o Moura sempre que entra...
A forma como as coisas começaram a dar certo para você, com uma regularidade de jogos, gols importantes, te surpreendeu?
Está surpreendendo, mas não está bom. Eu quero mais. Quero ter regularidade, jogar bem, ajudar, fazer mais, treinar mais e melhorar em tudo que preciso. Sou fissurado na perfeição. Está bom, mas quero mais.
Sobis esteve no palco mundo e se impressionou com estrutura grandiosa (André Durão / Globoesporte.com)
- Lembro que tinha evento de samba, pagode, e estava no meio, mesmo sem saber se gostava ou não. Mas a medida que vamos crescendo, passamos a selecionar mais. Hoje, estou nesse meu mundo quase que solitário.
A opção pouco comum para os boleiros faz com que o jogador do Fluminense sofra com a provocação de companheiros. Em vestiários antes dos jogos, o som do pandeiro e do cavaquinho impera, seja ao vivo ou em aparelhos de som. A rotina, por sua vez, não fez com que ele se aproximasse de nenhuma banda do gênero.
- Não, nenhuma. Nenhuma, nenhuma. Zero.
A paixão pelo rock está marcada na pele, e bem exposta para todo mundo. No pescoço, Sobis reproduziu uma tatuagem do baterista Travis, da banda Blink 182, uma de suas preferidas. Marca que vai levar para sempre, assim como as que quer deixar no coração do torcedor do Fluminense. Titular de Abel Braga nas últimas duas partidas, ele começa a se firmar na equipe, mas não se dá por satisfeito.
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- Sou fissurado na perfeição. Está bom, mas eu quero mais.- Confira a visita de Rafael Sobis ao Rock In Rio no "Globo Esporte" desta quinta-feira
Confira abaixo todo a conversa com Rafael Sobis, realizada na Rock Street, na Cidade do Rock, local onde ele se sentiu em casa, assim como garante já se sentir nas Laranjeiras.
Quando começou essa sua ligação com o Rock? Sempre foi seu estilo preferido?
principal (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Qual a banda que você é mais fã, que mais acompanha?
Gosto muito de Blink 182, The Killers, Strokes... São muitas bandas. Meu iPod tem cinco mil músicas. Tenho quase tudo. Metallica, Dire Straits, bandas antigas. Tenho tudo de Beatles, até Raul Seixas. Hoje em dia, com o computador, a modernidade, fica tudo mais fácil. Antes, tinha que sair buscando CDs.
E qual o seu show inesquecível?
Foram dois shows recentes. Um do Green Day, em Porto Alegre, que foi algo espetacular. Os caras interagiram com o público em mais de duas horas e meia de show sem parar. E o outro foi do Paul McCartney. Seu eu já gostava, passei a gostar muito mais. O Beira-Rio estava lotado. Vi de crianças até pessoas de 70 anos chorando por um senhor que estava no palco cantando por mais de três horas em pé. É algo surpreendente, que me fez admirá-lo mais ainda.
O meio do futebol é muito voltado para o pagode. Depois de tantos anos no meio, sendo “obrigado” a ouvir, não passou a curtir nada? Nenhuma banda?
Não, nenhuma. Nenhuma, nenhuma. Zero.
E já conseguiu colocar algum companheiro para ouvir rock?
Me chamam de doidão. Acham que quem ouve rock é doido. Pelo amor de Deus!"
Sobis, sobre provocações dos amigos de Flu
O Rock´n Roll ajuda na concentração, na motivação para o futebol?
Sempre escuto no período de concentração. O tempo todo. No trajeto para estádio e para Laranjeiras, não abro mão. Essa semana já fui para o treino ouvindo Dire Straits, Beatles, Scorpions, Metallica, até Lenny Kravitz. Mas quando começa a ficar perto do jogo, desligo e procuro me concentrar mais. É o meu jeito de ser.
Esse seu estilo diferente no mundo da bola faz com que o pessoal brinque muito contigo, coloque apelidos?
Ah, sim. Eles me chamam de doidão. Acham que todo mundo que ouve rock é doido. Pelo amor de Deus! E sempre que colocam as músicas deles provocam: “Escuta aí, Sobis”.
Não há nenhum companheiro no elenco que fuja do pagode?
Eu também escuto um pouco de música eletrônica, e tem também o Fred, Rafael Moura, Ciro... Mas eles também gostam de tudo. Não têm um estilo preferido. No Inter, o Nei (lateral-direito) que gostava muito de rock. O samba está no sangue do jogador, eu que acho que estou no lugar errado. O samba tem muito a ver, ainda mais no Brasil. É nossa música, nosso estilo. Não tem como fugir. Não sei como não entrei nessa.
Depende do resultado contra o Santos. Se vencer, o ânimo já muda para a viagem de retorno de Volta Redonda. Tudo fica mais fácil. Até para arrumar parceiro. Não descarto uma vinda para ver o Guns N´ Roses. Se ganhar, eu venho ver essa loucura aqui.
Você é tão ligado ao rock que tem até uma tatuagem em homenagem a um ídolo (o baterista Travis Baker, da banda Blink 182). Explica essa história.
Fui fazer uma outra tatuagem, que nem fiz, e deu a louca, acabei fazendo essa. Meu tatuador sabia que eu gostava, mostrou o desenho e em questão de segundos eu disse: “Faz logo o primeiro risco para eu não me arrepender”. Muita gente me chamou de louco por ser no pescoço. Dizem que é como no rosto. Não me arrependi, gostei e vem mais por aí.
Do Rock in Rio em geral, quais bandas você mais admira?
Red Hot, Metallica, Slipknot, System of a Down, Guns... Gosto de Capital, vi o show do Titãs com o Paralamas e achei espetacular. Em um modo geral, são essas.
E pelo que você andou e conheceu da estrutura? O que achou?
Impressionante. Ver na TV, como eu vi, não dá para ter dimensão. Sem ninguém, vi que é gigante toda a estrutura, como funciona. É muito legal.
Você pensa em algum dia montar uma banda, tocar algum instrumento?
Tenho amigos que tocam, já fui em vans com eles para shows, e passei a conhecer a outra parte, a preparação, os ensaios... Eu quero, sim. Não descarto depois que largar a bola montar uma banda. Não para ganhar dinheiro, mas para hobby, para me divertir. Gosto de bateria. Seria o instrumento que gostaria de tocar. Mas tem que ver se eu vou dar certo, né?
Lá no Sul tem alguma banda especial para você?
Ah, tenho muitos amigos que tocam. Gosto do Cachorro Grande, tem o Bidê ou Balde, Nenhum de Nós, que é muito legal, Alemão Ronaldo... São muitas que fora do Sul não são tão conhecidas, mas lá são muito fortes.
Falando de futebol, sua chegada ao Fluminense foi cercada de muita desconfiança. Falava-se de problema no joelho, que sua carreira estaria em risco, entre outras coisas. Como você recebeu isso tudo?
Quando as coisas estão prestes a acontecer, muita gente fala para depois dizer que acertou. Se erra, ninguém lembra, mas se acerta, vai querer aparecer. Disseram até que eu tinha operado o joelho 15 dias antes de estrear. Falaram cada coisa! Mas nada me abalou, por ser tudo mentira. Foi bom vir para o Fluminense e provar para todo mundo que sou um fenômeno, né? (em tom irônico) Se eu operei o joelho e joguei 15 dias depois... Isso só me dá moral. Não reclamo. Tive lesões no Inter que fizeram meu ano não ser tão bom, mas cheguei aqui e já joguei muitos jogos, mesmo sem tempo de adaptação. Agora, pouco a pouco, as coisas vão entrando nos eixos. Fiz cirurgias no joelho como muitos outros e estou em campo como todos eles.
Depois do jogo contra o Atlético-GO, o seu melhor pelo Flu (quando marcou dois gols), foram três jogos sem ser aproveitado até o retorno. Como encarou isso? Conversou com o Abel?
Eu estava bem fisicamente, mas isso não quer dizer que estava pronto para jogar o tempo todo. É uma outra história. E o futebol no Brasil está cada vez mais europeu. Cada jogo tem uma história. Fiz gols em dois jogos seguidos, a equipe venceu, e assim vamos indo. O futebol cada vez mais é uma loucura. Não pergunto o motivo quando jogo, também não vou questionar quando não jogo.
Depois do jogo contra o Inter, você deu uma entrevista dizendo que só o Flu te quis. Como foi para você esse momento em que seu clube de coração não apostou em você?
Na época, eu tive mágoa, sim. Por toda história. Voltei ao Brasil aos trancos e barrancos, fui campeão gaúcho, da Libertadores com gol decisivo. Mas o clube não é obrigado a ficar comigo. Fiquei chateado, mas depois passou. O Inter tem suas prioridades e pensamentos. Fiquei P da vida, mas apareceu outro clube, com um treinador que me conhece e me quis no Fluminense.
Já passamos momentos bons e ruins juntos. O Abel esteve presente no momento mais trágico da minha vida, que foi quando machuquei o joelho, e no auge, que foi na Libertadores de 2006. É um cara que eu respeito muito. Falam de paizão, mas não é assim. É um profissionalismo que sempre tivemos um com o outro, em todas as atitudes. Ele é paizão de todos, é a forma dele. E o fato de eu estar com ele no terceiro clube talvez seja por produzir em campo o que ele necessita.
Já deu para conhecer o Rio de Janeiro?
Muito pouco. Fui ao Cristo uma vez, mas na correria, não aproveitei muito. Talvez, em dezembro seja melhor. Já vinha para o Rio nas férias, nas folgas , pelas praias.
É uma cidade muito diferente de Porto Alegre, né? Quais os principais contrastes que você identificou?
Total. Porto Alegre é mais europeia no sentido do povo, do clima, da forma de ser, até pela proximidade de Argentina e Uruguai. O Rio é praia, é aberto, recebe o mundo, gosta de receber gente. O clima diz muito disso. No Sul, é frio e as pessoas são mais fechadas. Aqui, não.
E você já se adaptou a tanta diferença?
Completamente. Até com as duas horas de trânsito para ir para o treino. Em Porto Alegre, quando está um caos, é meia hora. Mas vou pela praia, vendo coisa boa. Quando começo a me irritar, olho para a praia e me tranquilizo. Sei que minha família está bem.
Você já parou para pensar que daqui a menos de um ano pode ter que trocar isso tudo para voltar ao Al Jazira, ao Emirados Árabes?
Tenho contrato e se tiver que voltar não será problema. O clube tem uma estrutura gigante, a cidade é maravilhosa e a diretoria sempre me deu apoio. Mas nada como estar no Brasil, o país da Copa, no Rio, que é o centro de tudo. Vou fazer de tudo para esse um ano no Fluminense valer a pena e, quem sabe, ficar.
Em algum momento você se arrependeu da decisão de trocar a Europa pelo futebol dos Emirados Árabes?
Jamais, jamais!
Duas metas de quase todo mundo que começa no futebol são: Seleção Brasileira e Europa. Você alcançou as duas muito cedo, mas não se firmou. São objetivos que você ainda tem?
Seleção, sim. Europa, é difícil. Até 2014, tudo está aqui, todo mundo quer voltar e jogar no Brasil. Hoje, estou na Europa, digamos assim. Os clubes pagam muito, a estrutura está melhorando... Já sobre Seleção, está em aberto. Joguei Olimpíada, tive oportunidades, e a ida para os Emirados me afastou muito. Mas quem sabe não é a hora de engrenar, recuperar meu melhor nível...
Você se sente muito distante desse melhor nível?
Bastante. No futebol, às vezes temos que atropelar muitas coisas e depois o cara acaba pagando. Esse meu momento de sequência no Fluminense já está sendo muito bom. Passo a passo, vou reencontrar meu caminho. Ninguém desaprende.
Como você vê o momento do Fluminense no Brasileirão? Já dá para pensar em título?
Título todo mundo pensa enquanto tiver condições matemáticas. Mas precisamos ser realistas. Sendo realistas, já damos um grande passo em busca dos nossos objetivos. Nosso time precisava de uma sequência de vitórias e conseguiu. Foi algo importante para nos dar uma maturidade e nos colocar na zona de Libertadores. Temos que pensar passo a passo. Se for para ser campeão, lá no fim seremos. Mas pensando devagar.
Ter tantas boas opções ofensivas pode ser o diferencial nessa reta final? No último jogo, o Abel tinha Deco, Lanzini, Martinuccio e Rafael Moura no banco.
São jogadores que seriam titulares em qualquer time do Brasil. Tem que ter elenco. É fundamental. Isso mostra que nosso time é bom, porque todos que entram fazem a diferença e são importantes. Foi assim com o Deco contra o Avaí, comigo contra o Atlético-GO, o Moura sempre que entra...
A forma como as coisas começaram a dar certo para você, com uma regularidade de jogos, gols importantes, te surpreendeu?
Está surpreendendo, mas não está bom. Eu quero mais. Quero ter regularidade, jogar bem, ajudar, fazer mais, treinar mais e melhorar em tudo que preciso. Sou fissurado na perfeição. Está bom, mas quero mais.
Fonte:globoesporte.com
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